Letícia Dias
No último domingo, 15, aconteceu em todas as cidades brasileiras, exceto Macapá, as eleições municipais para os cargos de prefeito e vereador. Apesar do ataque ao sistema do TSE, os votos foram computados e a apuração finalizada ainda no mesmo dia - e os resultados, ao menos esperançosos.
Após o impeachment de Dilma Roussef, reconhece-se que houve uma onda crescente dos partidos e políticos de direita no país. Acompanhando a tendência mundial, a esquerda brasileira teve seu espaço diminuído fortemente e se viu encolhida enquanto Jair Bolsonaro ganhava a corrida pela presidência, em 2018. Nesse momento, todos aqueles do lado progressista do espectro político viram suas forças e confianças diminuírem lenta e progressivamente. Engana-se, porém, quem acreditou que esse era o fim.
Com quase dois anos de mandato, o então presidente tem sua rejeição subindo cada dia mais, após escândalos envolvendo a si e seus filhos. O reflexo da queda de sua popularidade pôde ser visto nas urnas, que não apitaram para suas candidaturas apoiadas. Enquanto o presidente se isola em suas próprias narrativas, os brasileiros buscam alternativas nos governos regionais.
Em Juiz de Fora, a candidata do PSL, antigo partido de Bolsonaro, teve apenas 10,04% dos votos válidos, enquanto figurou como uma das candidaturas mais caras do país. Do outro lado desse espectro, Margarida Salomão, do PT, foi a candidata mais votada, com 39,46% dos votos válidos, e garantiu o primeiro lugar na corrida eleitoral, que caminhou para o segundo turno.
O retorno da esquerda como escolha consciente foi visto nas maiores cidades do Brasil, a exemplo de São Paulo, que levou Guilherme Boulos, candidato do PSOL, ao segundo turno contra o Bruno Covas, do PSDB, partido que domina a maior cidade do país. Além de Boulos, Manuela D’ávila também garantiu seu lugar no segundo turno, em Porto Alegre. Ambos foram candidatos à presidência em 2018 e estão inseridos em dois dos maiores partidos de esquerda do país.
Embora os partidos progressistas não tenham aumentado suas ocupações à frente das prefeituras nas análises quantitativas, ver a esquerda se erguendo novamente é uma vitória simbólica. Um presságio sobre os rumos que o país tomará na próxima eleição presidencial ainda é muito precoce, mas aqui cabe a esperança de que os ventos mudarão e trarão alegria de novo. O futuro é hoje, e a virada à esquerda é logo ali.
Foto: Reuters
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