Capaz de produzir vários textos rapidamente, IA não é mais futuro nas redações
Guilherme Fortunato
“Eu não sou um humano. Sou um robô. Um robô pensante.”. Foi assim que a GPT-3, inteligência artificial da startup Open AI iniciou seu artigo de opinião para o jornal britânico “The Guardian”. O texto publicado no dia 8 de setembro tem cerca de 500 palavras, tamanho estipulado pela redação. E o resultado foi capaz de impressionar através do seu conteúdo, uma escrita fluida e muito parecida com a dos humanos.
No texto, a inteligência argumenta que por ser programada por pessoas, jamais se vê numa situação de ameaça ao planeta, e por não ter sido alimentada com conteúdos de violência e poder, ela não sente desejo de obter isso. É possível entender uma certa lamentação sobre o medo de que os robôs podem acabar com a humanidade. Uma verdadeira simulação de emoções que chocaram os leitores do artigo.
Foto: Reprodução/Internet.
Entretanto, a produção do texto não foi exatamente 100% autônoma em relação ao produto final. Para que o robô pudesse entregar o material, foi necessária a intervenção de pessoas para programar os conteúdos da publicação. A inteligência foi alimentada com partes pré definidas do texto para introduzir e complementar a corrente de informações. Palavras as quais deram direcionamento para o conteúdo abordado.
Ainda assim, esse “redator” foi capaz de produzir 8 textos completamente diferentes em estrutura e sentido, todos sobre o mesmo tema, reproduzindo as técnicas e a forma como pessoas reais escrevem os textos no jornal. Para finalizar a produção, um redator do “The Guardian” precisou editar os materiais para o resultado final.
Apesar de parecer ser uma inovação do ano de 2020, as inteligências artificiais já haviam sido usadas em redações de jornalismo. O jornal norte-americano “The Washington Post” utilizou um recurso parecido na cobertura das Olimpíadas de 2016, ainda que de forma mais simplificada. Nessa cobertura, o robô ficava responsável por produzir os conteúdos menos complexos, deixando o trabalho pesado e de maior apuração para os jornalistas de carne e osso. Um exemplo foram as publicações no twitter do jornal, no qual o “redator” se encarregava de publicar os placares dos jogos esportivos através da busca por informações com base no banco de dados da rede. E ainda sim, estava sendo monitorado pelos seres humanos.
Foto: Reprodução/Post Olympics.
Muitos acreditam que essas IAs poderão substituir os futuros jornalistas nas redações dos grandes jornais, mas até agora não há evidências concretas que garantam essa efetivação. Muito pelo contrário, foi possível perceber uma grande ajuda na cobertura de informações mais simples, facilitando a rotina de produção dos jornais que experimentaram dessa inovação. E os jornalistas humanos? Eles continuam na correria para uma melhor apuração das notícias. Ufa! Só que amanhã ou talvez agora, com um grande braço direito para ajudar.
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