Por Luiza Vantine
Em todas as partes do mundo, desde o início da pandemia em nível global, uma preocupação tem sido a mesma: encontrar um imunizante, ou até mesmo um medicamento capaz de tratar a Covid-19.
Vários países, em especial a China - primeira afetada pelo novo coronavírus -, a Rússia e os Estados Unidos, mobilizaram seus cientistas para que uma vacina, que em casos normais demanda anos para ser estudada, testada, re-testada e liberada pelos órgãos sanitários regulamentadores, se tornasse viável.
As farmacêuticas, universidades e institutos de pesquisa formaram parcerias, a fim de que os avanços a respeito das candidatas a vacina se tornassem mais rápidos. No último mês, algumas dessas candidatas finalizaram sua terceira, e última, fase de testes e felizmente o resultado tem sido animador.
Na corrida pela eficácia do imunizante, algumas empresas e farmacêuticas apresentaram índices preliminares da fase 3 acima de 90%. Esse número ainda não é o oficial, pois para que seja publicado em revista científica, o estudo precisa ser revisado por um terceiro infectologista que não esteja envolvido na pesquisa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), formou o Covax; que consiste em um grupo de países, unindo forças para que, assim que uma vacina para a Covid-19 tiver seus estudos finalizados e publicados, esta seja produzida em grande escala e distribuída de forma igualitária pelo mundo.
As vacinas em desenvolvimento
Até então, três candidatas a vacina expuseram seus resultados preliminares. Elas são: Sputnik V, desenvolvida na Rússia pelo Instituto Gamaleya; a mRNA-1273, produzida pela norte-americana Moderna e a BNT162b2, produzida pela famarcêutica estadunidense Pfizer, em parceria com o laboratório alemão BioNTech.
A Sputnik V, de acordo com o que foi divulgado pela Rússia, apresentou eficácia de 92%, segundo resultados preliminares da terceira fase de pesquisa, e não apresentou efeitos adversos inesperados. Dados publicados pelo Instituto Gamaleya dizem que o resultado foi obtido a partir de uma pesquisa com mais de 16 mil voluntários, 21 dias após o recebimento da primeira dose da vacina, que será aplicada em duas doses, ou placebo (substância inativa).
A farmacêutica Moderna, que desenvolve a vacina mRNA-1273, afirma que os resultados preliminares da fase 3 dos estudos apresentam 94,5% de eficácia na imunização. Segundo os dados divulgados pela empresa, a análise envolveu 30 mil pessoas, dentre as quais cerca de 15 mil receberam duas doses da vacina e o restante placebo. Apenas 5 casos de Covid-19 foram registrados em pessoas que receberam as doses do medicamento, o que representa o alto nível de imunização.
A norte-americana Pfizer, em parceria com o laboratória alemão BioNTech, tem desenvolvido a imunizante BNT162b2, que deve ser administrado em duas doses. Os resultados dos estudos divulgados pelas empresas mostraram que a eficácia alcançada foi de 95% na prevenção à doença, e não houve efeitos colaterais graves. Os testes envolveram 43.661 voluntários. Destes, apenas 170 desenvolveram a Covid-19, sendo que 8 tomaram a vacina e 162 receberam placebo.
O caminho a ser percorrido
Ser desenvolvida é só o início do caminho. Para ser disponibilizada e comercializada, as candidatas a vacina precisam ter seus relatórios e estudos avaliados por outros cientistas e infectologistas. Após publicados em periódicos científicos, o imunizante deve ainda passar pelo processo de avaliação das agências sanitárias de cada país.
Outro empecilho para imunização em massa é a fabricação em grande escala e a maneira como cada medicamento deve ser armazenado. Algumas candidatas precisam ser mantidas a 70 graus negativos, o que pode dificultar seu transporte a lugares mais remotos.
No Brasil, ainda existe a questão política envolvida, já que o presidente se nega, pressionado pela bancada extremista do governo, a adquirir a vacina caso esta venha da China.
É esperado pela OMS que, até o final de 2021, grande parte do mundo esteja imunizada contra o coronavírus. Os estudos a respeito das vacinas desenvolvidas ainda devem ser finalizados antes que a organização indique um imunizante aos países.
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