Por Letícia Damasceno
A pandemia do novo coronavírus impactou vários setores da sociedade, principalmente os novos negócios. Recém construídos, muitos se viram abalados por conta da crise. Porém, a forma como cada empresa lidou com ela foi diferente. Uma pesquisa do Sebrae com a Fundação Getúlio Vargas, feita entre os dias 27 e 31 de agosto, mostrou que as empreendedoras foram mais ágeis na hora de inovar em seus negócios. 71% das mulheres usam redes sociais, aplicativos e internet para vender seus produtos e serviços. Só 63% dos homens usam essas ferramentas. Em uma sociedade que reforça o machismo todos os dias, as mulheres continuam tendo que lutar mais que os homens para alcançar uma posição no mercado.
Com apenas 24 anos, a Amanda Campos assumiu a madeireira da família, depois que o pai faleceu. Mesmo já tendo muitos clientes, era um depósito simples. Logo de início precisaram escolher um outro terreno, já que o dono do espaço o queria de volta. Dificuldades financeiras, de abrir, construir e começar a se fortalecer em um ramo predominante masculino marcaram o início de um caminho de sucesso.
Segundo dados do Sebrae, 24 milhões de mulheres empreendem hoje em todo o país. Boa parte delas abrem os seus negócios por necessidade, para superar o desemprego ou aumentar a renda. Algumas buscam a independência financeira e até o sustento de toda a família: entre 2017 e 2019, o número de lares chefiados por mulheres cresceu de 38% para 45%. De acordo com a startup de gestão empresarial Chsys, 78% das pequenas empresas tiveram seu faturamento reduzido em 30% durante a pandemia e apenas 15% delas estavam preparadas para um momento como esse.
Além das dificuldades no ramo em si, Amanda contou que existe a dificuldade de gênero: “a maioria das pessoas que atendemos são homens, convivemos com homens o tempo todo. Eu sozinha não consigo carregar a madeira, pegar as toras, eu preciso de um funcionário para fazer isso. A gente é subjugada o tempo todo, é questionada o tempo todo, a ponto de perguntarem se eu sei o que é uma madeira imunizada, além de me perguntarem sobre onde está o dono, é do seu marido”.
Assim como o Sebrae oferece capacitações, a Rede Mulher Empreendedora é uma das maiores plataformas de apoio ao empreendedorismo feminino no país. São mais de 500 mil trabalhadoras cadastradas. Idealizado por Ana Lúcia Fontes, o objetivo é oferecer informação para empoderar economicamente. A rede conta com um site completo que oferece pesquisas, eventos e diversos programas. A ideia é tornar a mulher independente financeiramente, para que ela possa conquistar liberdade e poder de decisão no aspecto profissional e pessoal.
Para a Amanda, o diferencial é ser confiante: “se nós mulheres temos condições de dar à luz a uma vida, por que não a uma empresa? A gente pode sim empreender, conquistar vários lugares. Tem muitas pessoas que me questionam, mas também tenho vários clientes que me colocam lá em cima, eu sou a moça das madeiras”.
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